quarta-feira, 5 de novembro de 2014

COMIDA DE SANTO

Tive a oportunidade de conhecer um restaurante que a Chef de cozinha é uma iabassê (denominação para as cozinheiras responsáveis ​​pela comida dos orixás). 


O Restaurante Altar fica em Santo Amaro, bairro no centro da cidade do Recife. O restaurante de aparência simples tem como principal diferencial a comida excelente, bem brasileira e de forte influência africana. A galinha de cabidela, com certeza, foi a mais gostosa que já comi. 


A singularidade da comida da Chef Carmem Virgínia já foi objeto de diversas reportagens, bem como do programa da GNT - Diário do Olivier. Pode se assistir o vídeo pelo youtube.

DIÁRIO DO OLIVIER - COMIDA DE SANTO (PARTE 01)




https://www.youtube.com/watch?v=CwATQWlGW8k





Segue links com reportagens sobre o assunto:

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/boa-mesa/noticia/2014/05/30/o-delicioso-altar-de-dona-carmem-129672.php

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/suplementos/boa-mesa/noticia/2013/01/18/a-cozinha-abencoada-de-carmem-virginia-70352.php


http://www.old.diariodepernambuco.com.br/gastronomia/2011/3007/receitas.shtml

http://revistachampagnenews.blogspot.com.br/2012/08/dna-carmen-virginia-santos-uma-yabasse.html

Durante a visita, adquiri um livro muito interessante publicado pelo SENAC com trechos escritos pela Chef, onde são apresentadas as receitas das comidas e as histórias dos Orixás. Em breve farei  um "post" sobre ele.




O Casamento entre o Amor e o Sexo (O cuidado é feminino ) -- Mary Del Pr...

Mary del Priore - Pgm II - "Sexualidade e Erotismo na História do Brasil"

Mary Del Priore - Pgm I - "Sexualidade e Erotismo na História do Brasil"

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Pudim de claras


Adoro assistir programas de culinária. Um dos meus preferidos é a Cozinha Prática de Rita Lobo. Imagina o meu prazer quando assisti a realização de duas receitas clássicas de origem portuguesa.

Segue para vocês a receita apresentada no programa e o link do vídeo para assistir. 


Pudim de claras com baba de moça

Feito com claras em neve, o doce português é leve como uma nuvem


Rendimento: 8 porções
Tempo de preparo: 1h40
Nível de dificuldade: médio


Para fazer a calda
Ingredientes:
¾ de xícara (chá) de açúcar
¼ de xícara (chá) de água

Modo de preparo:
Pré-aqueça o forno a 150ºC (temperatura baixa).

Numa tigela, dissolva a água com o açúcar. Transfira para uma forma de pudim grande (com furo no meio), com cerca de 24cm de diâmetro.

Leve a forma diretamente ao fogo baixo e deixe a calda cozinhar, sem mexer, até que ela engrosse e fique com uma coloração levemente dourada - leva cerca de oito minutos.

Segure a forma com um pano de prato para não se queimar e vá girando para caramelizar a base e as laterais.

Para fazer o pudim
Ingredientes:
10 ovos
2 xícaras (chá) de açúcar
1 pitada de sal

Modo de preparo:
Separe as claras das gemas: bata o ovo contra a bancada, separe uma metade da casca da outra, mantendo a gema em uma delas. Deixe a clara escorrer em uma tigelinha. Transfira a clara para a vasilha da batedeira e separe a gema em outro recipiente. Repita o procedimento com todos os ovos.

Use sempre uma tigelinha para escorrer as claras uma a uma, antes de adicionar aos outros ingredientes. Assim, caso um ovo não esteja bom, você não perde tudo o que já colocou na tigela da batedeira.

As gemas reservadas podem ser usadas no preparo da baba de moça. Guarde na geladeira.

Bata as claras na velocidade baixa da batedeira com uma pitada de sal. Quando começarem a espumar, aumente a velocidade e continue batendo até ficarem em ponto de neve firme, formando picos durinhos - cerca de dez a 15 minutos.

Neste ponto, acrescente o açúcar aos poucos, sem desligar a batedeira. Bata por mais dez minutos, até formar um merengue firme.

Leve uma chaleira com um pouco de água para ferver. Ela será usada para fazer um banho-maria para assar o pudim.

Com uma colher de sopa, transfira as claras para a forma que você já caramelizou: espalhe uma camada, alise com as costas da colher e dê umas batidinhas na bancada para que se acomodem - desta forma, o pudim fica mais uniforme e não corre risco de ficar com buracos.

Coloque a forma em uma assadeira retangular e leve ao forno. Regue a assadeira com água fervente para formar o banho-maria. Deixe assar por uma hora ou até que o pudim fique bronzeado e estruturado. Ele vai crescer bastante, mas quando sair do forno, voltará à altura original.

Retire do forno e aguarde cinco minutos antes de virar. Coloque um pano de prato sob a fôrma para não se queimar. Passe uma faquinha de ponta redonda na lateral, apenas para soltar a beiradinha que costuma grudar na forma. Coloque um prato de bolo com borda alta (para conter a calda) sobre a forma e vire de uma vez, o mais rápido o possível - porque a calda vai escorrer.

Quando esfriar, leve à geladeira.

Para fazer a baba de moça
Ingredientes:
10 gemas
1 de xícara (chá) de açúcar
1 xícara (chá) de água
1 garrafa pequena de leite de coco (200ml)

Modo de preparo:
Passe as gemas pela peneira, pressionando com as costas de uma colher. Descarte a película que ficou na peneira e reserve as gemas na tigela.

Numa panela pequena, dissolva a água com o açúcar, misturando com o dedo indicador (pode fazer assim que dá certo!). Leve ao fogo alto e deixe cozinhar, sem mexer, durante cerca de 20 minutos, até que a calda atinja o ponto de fio (mergulhe e levante a colher: se formar um fio fino entre as gotas, está pronta).

Desligue o fogo e deixe esfriar por cinco minutos.

Misture o leite de coco. Junte as gemas, misture bem e volte a panela ao fogo baixo. Cozinhe sem parar de mexer, com uma espátula de silicone ou colher de pau, por oito minutos ou até engrossar um pouco.

Atenção: durante este processo, caso o creme comece a grudar no fundo da panela, retire do fogo, mexa vigorosamente para resfriar e volte a panela ao fogo. Repita quantas vezes for necessário para evitar a formação de grumos. Lembre-se de que, ao esfriar, o creme engrossa bastante - ele deve sair do fogo com uma consistência de mingau.

Transfira a baba de moça para uma tigela e cubra com um filme, deixando-o em contato com o creme - isto evita a formação de uma película endurecida. Deixe na geladeira até a hora de servir.



http://gnt.globo.com/receitas/receitas/pudim-de-claras-com-baba-de-moca.htm

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Biscoitinhos Divinos das Monjas Beneditinas de Olinda/PE.




Eles são finos como lâmina de barbear, crocantes como waffles, doces como casquinha de sorvete e dissolvem na boca como pastel de vento. Chamam-se bricelets, são conhecidos desde o século 16 e têm origem suíça.

Uma tradição que não se perdeu em Pernambuco, especialmente em Olinda, onde ficam diversos conventos e mosteiros, é a produção dos biscoitinhos bricelet:  pequenos, delicados e belos. São feitos de farinha de trigo, açúcar, ovo e muita delicadeza e vendidos pelas monjas do Mosteiro Nossa Senhora do Monte, em uma pequena lojinha, juntamente com os licores de variados sabores também de produção das beneditinas. Hoje, os biscoitos são muitos usados nos restaurantes de Recife e Olinda na produção de deliciosas sobremesas. 



Igreja Nossa Senhora do Monte - Olinda

Telefones: (081) 3429-0317/ 3429-5549

Horário: Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h  








O Restaurante La Cuisine oferece a deliciosa sobremesa " Bricelet La Cuisine" , com camadas de biscoito das freiras, sorvete de creme, calda de chocolate e geléia de frutas vermelhas.É PERFEITO!!'



Para fazer o Bricelet: (Ou você pode comprá-los prontos na Igreja do Monte em Olinda)
Ingredientes:
50gr de suco de laranja
100ml de açúcar
60gr de farinha de trigo
100gr de manteiga sem sal derretida e fria
100gr de castanha do Brasil (Pará) picada

Preparo:

Num vasilha misturar o açúcar como suco. Acrescentar a farinha de trigo mexendo bem com um batedor fuet.
Adicionar a manteiga derretida e fria, e por último, as castanhas picadas. Deixar em repouso na geladeira por 2 horas antes de utilizar.
Sobra uma assadeira coberta com papel manteiga ou silpat(tapete de silicone), fazer bolinhas de aproximadamente 5 gramas(colher de café)cada, espaçadas, pois irá espalhar.Levar ao forno pré-aquecido a 200°C por aproximadamente 10 minutos, até dourar. Esfriar e então desgrudar os bricelets.
Guardar em local seco e muito bem fechado por até 3 dias.

Montagem:

Bem pessoal, agora é só montar o prato como se fosse um sanduíche.
Cubra o prato com a calda de chocolate;
Coloque um biscoito, uma bola de sorvete, um biscoito, outra bola de sorvete e outro biscoito;
Cubra toda a “arte” com mais calda de chocolate e acrescente um pouco de geléia de frutas vermelhas ao lado.

Pronto!! É só comer!


Sites consultados
http://www.dzai.com.br/blogdaconceicao/blog/blogdaconceicao?pag=95
http://chezpitanga.blogspot.com.br/2012/03/biscoitinhos-divinos-das-freiras-de.html
http://gastroradar.blogspot.com.br/2011/09/sobremesa-dos-deuses.html



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Grude de goma ou Malcasado de goma.

Adoro este bolo com café!!! Na última ida ao sítio da família, minha tia de 74 anos fez este bolo no fogão a lenha. A casa estava cheia de gente, de crianças barulhando e de adolescentes reclamando. Uma alegria só. Junto com café, muita chuva e boa prosa, o bolo se transformou no ponto alto da diversão. Foi uma tarde delícia!

Procurando pela receita, achei este vídeo bem legal no Globo Rural:
http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/v/aprenda-a-fazer-o-grude-de-goma/2743396/

Descobri neste vídeo que também é chamado " Malcasado de goma". Ah! Comidas e seus nomes curiosos!

Ai vai a receita:

1 colher de chá de açúcar
1 colher de chá de sal
200 ml de leite de coco
1/2 kg de goma de mandioca fresca
1 coco seco fresco ralado
Misture todos os ingrediente e amasse com as mãos até misturar bem. Fica meio ralinho. Coloque em forma untada e forno médio e pré-aquecido por meia hora.O bolo fica branquinho mesmo.

Agora é preparar um cafezinho fresco e botar a prosa em dia!

AH! Faltou a foto, mas na próxima farra no sítio lembrarei de tirar!


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O Meu Amor Chico Buarque

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada.

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes.

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz.
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz.

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita.

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa.

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz.

Eu Te Amo Chico Buarque


Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

Folhetim Chico Buarque

Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim

E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim

E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis

Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim

Com Açúcar, Com Afeto Chico Buarque

Com açúcar, com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa.
Qual o quê!
Com seu terno mais bonito
Você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa.

Você diz que é operário.
Sai em busca do salário
Pra poder me sustentar.
Qual o quê!
No caminho da oficina
Há um bar em cada esquina
Pra você comemorar
Sei lá o quê.

Sei que alguém vai sentar junto;
Você vai puxar assunto
Discutindo futebol.
E ficar olhando as saias
De quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol.

Vem a noite e mais um copo,
Sei que alegre 'ma non troppo'
Você vai querer cantar.
Na caixinha um novo amigo
Vai bater um samba antigo
Pra você rememorar.

Quando a noite enfim lhe cansa,
Você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão,
Qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida.
Diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração.

E ao lhe ver assim cansado,
Maltrapilho e maltratado,
Ainda quis me aborrecer,
Qual o quê.
Logo vou esquentar seu prato.
Dou um beijo em seu retrato
E abro meus braços pra você.

A Rosa Chico Buarque

Arrasa o meu projeto de vida
Querida, estrela do meu caminho
Espinho cravado em minha garganta
Garganta
A santa às vezes troca meu nome
E some

E some nas altas da madrugada
Coitada, trabalha de plantonista
Artista, é doida pela Portela
Ói ela
Ói ela, vestida de verde e rosa

A Rosa garante que é sempre minha
Quietinha, saiu pra comprar cigarro
Que sarro, trouxe umas coisas do Norte
Que sorte
Que sorte, voltou toda sorridente

Demente, inventa cada carícia
Egípcia, me encontra e me vira a cara
Odara, gravou meu nome na blusa
Abusa, me acusa
Revista os bolsos da calça

A falsa limpou a minha carteira
Maneira, pagou a nossa despesa
Beleza, na hora do bom me deixa, se queixa
A gueixa
Que coisa mais amorosa
A Rosa

Ah, Rosa, e o meu projeto de vida?
Bandida, cadê minha estrela guia
Vadia, me esquece na noite escura
Mas jura
Me jura que um dia volta pra casa

Arrasa o meu projeto de vida
Querida, estrela do meu caminho
Espinho cravado em minha garganta
Garganta
A santa às vezes me chama Alberto
Alberto

Decerto sonhou com alguma novela
Penélope, espera por mim bordando
Suando, ficou de cama com febre
Que febre
A lebre, como é que ela é tão fogosa
A Rosa

A Rosa jurou seu amor eterno
Meu terno ficou na tinturaria
Um dia me trouxe uma roupa justa
Me gusta, me gusta
Cismou de dançar um tango

Meu rango sumiu lá da geladeira
Caseira, seu molho é uma maravilha
Que filha, visita a família em Sampa
Às pampa, às pampa
Voltou toda descascada

A fada, acaba com a minha lira
A gira, esgota a minha laringe
Esfinge, devora a minha pessoa
À toa, a boa
Que coisa mais saborosa
A Rosa

Ah, Rosa, e o meu projeto de vida?
Bandida, cadê minha estrela guia?
Vadia, me esquece na noite escura
Mas jura
Me jura que um dia volta pra casa

Se ela quisesse Vinicius de Moraes

Se ela tivesse
A coragem de morrer de amor
Se não soubesse
Que a paixão traz sempre muita dor
Se ela me desse
Toda devoção da vida
Num só instante
Sem momento de partida

Pudesse ela me dizer
O que eu preciso ouvir
Que o tempo insiste
Porque existe um tempo que há de vir
Se ela quisesse, se tivesse essa certeza
De repente, que beleza
Ter a vida assim ao seu dispor
Ela veria, saberia que doçura
Que delícia, que loucura
Como é lindo se morrer de amor

Minha namorada Vinicius de Moraes

Se você quer ser minha namorada
Ah, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser

Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber por quê

Porém, se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer

Você tem que vir comigo em meu caminho
E talvez o meu caminho seja triste pra você
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos
Os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois

Vou-me Embora pra Pasárgada Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Receita de Mulher Vinicius de Moraes


As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

domingo, 8 de junho de 2014

O fantasma da ópera

Le Fantôme de l'Opéra (O fantasma da ópera em português) é um romance francês escrito por Gaston Leroux. Na obra original de Leroux, a ação desenvolve-se no século XIX, na Ópera de Paris, um monumental e luxuoso edifício, construído entre 1857 e 1874, sobre um enorme lençol de água subterrâneo. A história se baseia entre a música e o amor. Christine enfrenta uma luta interna entre o seu amor por Raoul e a sua fascinação pelo gênio da personagem do Fantasma, formando um triângulo amoroso assustador e envolvente, onde se encontra um terrível medo e um inigualável amor entre uma cantora lírica, um nobre apaixonado e um "fantasma" obcecado.
 
Minhas músicas preferidas:
 
All I Ask of You
 
 
 
 
 
Think of Me
 
 
 
 
Um brinde em português - Emílio Santiago Tudo Que Se Quer
 
 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Restaurante Leite

Almoço cheio de charme e cultura. Fui com amigos experimentar O Restaurante Leite (Recife/PE). Resolvi não perder a oportunidade de mistura história com sabor!  Foi um almoço celebrado com boa companhia e boa comida. Uma viagem no tempo e nas tradições.

Fundado em 1882, viu a abolição da escravatura, a Proclamação da República, a revolução de 1930, o golpe de 1964 ... Até 1958, mulher desacompanhada não entrava e, até meados da década de 70, homens eram obrigados a usa paletó para frequentar a casa.

Por sua relevância na história de Pernambuco e do Brasil, o Leite ganhou um capítulo no livro A Saga do Açúcar, da antropóloga Fátima Quintas. Ela destaca que o restaurante nasceu em um momento revolucionário - fim do Império e da Monarquia, abolição da escravatura, início da República.
"Sua história é importante porque nela se conjugam dois fenômenos aparentemente opostos: os fortes ecos de uma mutação política e o respeito à tradição cultural em uma época em que não foi fácil sustentar os paradigmas do passado", diz a escritora.
O Restaurante tem mais de 130 anos e sempre foi frequentando por políticos e intelectuais, como Assis Chateubriand, Gilberto Freyre, Simone de Beauvoir, João Goulart, Miguel Arraes e Mário de Andrade, o poeta. Hoje ainda grande a muitos, principalmente idosos saudosistas. 

Requinte no servir!!! Música ao vivo, tocada em piano de cauda, garçons bem vestidos, bandejas e talheres de prata, louça com monogramas, guardanapos de puro algodão, palitos de dentes feitos à mão encomendados em Portugal. Agradavelmente bem decorado, com sua cadeiras antigas, seus diferentes lustres e suas peças de época.

 /

Nossas escolhas seguiram os indicativos de melhores pratos da casa. Inciamos com um delicioso couvert oferecido pelo restaurante acompanhado de uma aprazível caipiroska de laranja lima. Então escolhemos os dois pratos mais famosos - Amantes do Mar e Bacalhau à Amadeu Dias, nome do dono do Leite desde 1955. Como sobremesa a famosa e popular Cartola. Tudo gostoso e  bem servido.

Consegui as receitas dos pratos que lá comemos no site http://prazeresdamesa.uol.com.br/exibirMateria/5624/restaurante-centenario.



Bacalhau à Amadeu Dias
1 porção

250 g de lombo de bacalhau dessalgado
2 cebolas médias
2 batatas-inglesas médias cozidas al dente
1/2 pimentão vermelho, sem pele, cortado em 3 ou 4 tiras
5 azeitonas pretas
3 dentes de alho
Sal e azeite de oliva português a gosto
1Pincele todos os ingredientes com azeite, alho espremido e sal. 2 Coloque o bacalhau em uma grelha quente e vire-o várias vezes até dourar os dois lados uniformemente. Esse procedimento dura aproximadamente 8 minutos. 3 Na metade desse tempo, acrescente também o pimentão, as cebolas e as batatas – essas por último. 4 Em uma travessa, disponha os ingredientes que acabaram de ser grelhados, ainda quentes, as azeitonas e regue com bastante azeite.


Amantes do mar
1 porção

Grelhados
250 g de filé de sirigado
2 camarões graúdos
2 lagostins
3 colheres de azeite de oliva português
Sal e pimenta-do-reino a gosto

Arroz de polvo
100 g de tentáculos de polvo cozidos em água e sal
1/2 cebola picada
1 tomate grande maduro picado sem pele e sem semente
5 colheres de azeite de oliva português
1 dente de alho picado
250 ml de caldo de peixe 
1/2 xícara (chá) de vinho branco seco
Sal, salsinha e pimenta-do-reino a gosto  

Grelhados
1 Tempere o peixe, os camarões e os lagostins com sal, pimenta-do-reino e azeite. 2 Grelhe em frigideira quente e reserve.
 
Arroz de polvo 
1 Em um tacho largo, leve ao fogo a cebola, o alho e o azeite. 2 Refogue os ingredientes por cerca de 2 minutos. 3 Acrescente o tomate já misturado ao vinho branco, deixe ferver por mais 5 minutos e tempere com o sal e a pimenta. 4 Em seguida, adicione o caldo de peixe e aguarde levantar fervura. 5 Junte, então, o polvo cortado em pedaços e cozinhe só mais 5 minutos, finalizando com salsa fresca picada. 6 Caso seja necessário, coloque mais caldo de peixe, pois o arroz tem que ficar com consistência mais úmida. 7 Sirva os grelhados por cima do arroz de polvo. 






Cartola
1 porção

1 banana-prata cortada ao meio
1 fatia grossa de queijo tipo manteiga (do sertão)
1 colher de sobremesa de manteiga
10 g de açúcar refinado
5 g de canela em pó portuguesa
1 canela em pau

1 Passe em uma chapa, separadamente, as duas partes da banana e a fatia de queijo, na manteiga, até dourar. 2 Em seguida, coloque a banana em um prato e cubra imediatamente com o queijo ainda quente. 3 Polvilhe com a canela misturada ao açúcar, disponha o pauzinho de canela por cima e sirva imediatamente. 



Julie & Julia - Filme



Achei por acaso na tv a cabo.  O filme contrasta a vida da chefe Julia Child,  com a vida da jovem nova-iorquina Julia Powell, que aspira a cozinhar todas as 524 receitas do livro de receitas de Child em 365 dias, um desafio que ela descreveu em seu blog popular que fará dela uma escritora.
O filme é água com açúcar, bem levinho, mas é gostoso acompanhar os experimentos na pequena cozinha de Julia. O prato mais interessante para mim foi a Carne à bourguignonne, que achei a receita e pretendo experimentar.

carne


Ingredientes
. 2 kg de músculo cortado em cubos
. 2 colheres (sopa) de azeite
. 150 g de bacon picado
. 4 dentes de alho picados
. 1 1/2 xícara (chá) de farinha de trigo
. 2 xícaras (chá) de vinho tinto
. 3 folhas de louro
. 2 ramos de salsinha
. 1 ramo de tomilho
. 1 xícara (chá) de molho de tomate
. 4 cenouras cortadas em cubinhos
. 1/2 kg de cebolinhas brancas pequenas
. 2 xícaras (chá) de cogumelos cortados
. Sal e pimenta-do-reino a gosto

Modo de preparo
Aqueça o azeite na panela de pressão e doure o bacon. Junte o alho e refogue. Passe os cubos de carne na farinha e coloque-os na panela. Deixe dourar de todos os lados. Adicione o vinho, o sal e a pimenta, e mexa. Amarre com um barbante o louro, a salsinha e o tomilho. Ponha na panela, tampe e cozinhe por 25 minutos. Desligue o fogo e espere acabar a pressão. Abra a panela e junte o molho de tomate e a cenoura. Se necessário, adicione um pouco de água quente. Devolva a panela ao fogo e cozinhe por mais 15 minutos. Retire do fogo novamente e, quando acabar a pressão, abra a panela. Acrescente os cogumelos e as cebolinhas e cozinhe por mais dez minutos, com a panela destampada. Retire as ervas amarradas e sirva quente com arroz e batatas.

http://mdemulher.abril.com.br/culinaria/receitas/carne-bourguignonne-506797.shtml

Bon appetit!!!

Cheesecake Romeu e Julieta

Uma delícia !!!! Receita fácil de fazer e de ótimo resultado. Já fiz algumas vezes e sempre agrada.





Ingredientes:
  • 1 pacote de biscoito de maizena
  • 200 gr. de margarina amolecida
  • 2 potes de cream cheese
  • 1 lata de leite condensado
  • 1 caixinha de creme de leite
  • 3 ovos
  • 5 gotas de baunilha
  • 1/2 limão 
  • 500 gr. de goiabada derretida 

Modo de Fazer
Massa: Triture os biscoitos e misture com a margarina amolecida. Forre uma assadeira de fundo removível (somente o fundo) e leve para assar em forno médio por 10 minutos enquanto faz o recheio

Recheio:  Bata o cream cheese com os ovos no liquidificador, até ficar um creme homogêneo. Coloque os outros ingredientes e continue batendo por 10 minutos.Coloque sobre a massa, e leve ao forno médio por 40min. Retire do forno, espere esfriar. Quando enquanto esfriar faça a calda.


Calda: Corte a goiabada em pedaços e leve ao fogo com um copo de água. Espere derreter toda a goiabada e cubra o cheesecake com a calda .Espere esfriar e coloque na geladeira por 3 horas. Sirva gelado.

Sempre faço com cream cheese light, creme de leite light e pode usar também géléias diet!!! Não sei se fica menos calórico, mas parece mais levinho.

Peguei no seguinte endereço:  http://bom-de-cozinhar.blogspot.com.br/2012/02/cheesecake-de-goiabada.html.


domingo, 23 de março de 2014

Torta bruschetta

Dica legal!!! Lanche da tarde ou jantar levinho. Acho que pode trocar os recheios, como por tomate , queijo e manjericão.

http://www.panelaterapia.com/2014/03/torta-bruschetta.html

Torta Bruschetta

Pense numa torta fácil e gostosa! É com pão francês (de sal) gente! Dá para fazer com pão mais velhinho ou pão do dia mesmo. A receita aqui é para uma refratário pequeno (17,5cm x 30cm), que serve 4 pessoas.
Ingredientes:
2 pães salgados (francês, pão de sal, etc) cortados em fatias não muito finas;
1 gomo de calabresa defumada picado em cubinhos;
1/2 cebola pequena picada em cubos;
1/2 lata de tomate pelado picado (ou 1 xícara de molho de tomate que você pode acrescentar 1 tomate picado em cubos);
1 colher (café) de orégano;
100g de queijo muçarela (é com "ç" mesmo, antes bancar o Prof. Pasquale vai pesquisar!);
1 ovo;
4 colheres (sopa) de leite;
Sal, pimenta do reino e azeite à gosto.

Misture a calabresa (crua) com a cebola. Tempere com um fio de azeite, sal, pimenta e orégano. Reserve.
Unte um refratário com azeite e forre com as fatias de pão. Espalhe por cima o tomate pelado picado (ou o molho) em seguida junte a mistura de calabresa e cebola que estava reservada.
Bata o ovo como se fosse fazer uma omelete. Junte o leite, uma pitada de sal e misture bem. Espalhe essa mistura por cima de tudo. Ela vai descer e penetrar no pão.
Cubra com as fatias de queijo, coloque um pouquinho de orégano por cima e leve ao forno preaquecido em 200º por mais ou menos 15 a 20 minutos. Fique de olho, se começar a dourar você desliga.

O líquido faz o pão inchar e virar uma massa uniforme, fofa e úmida, nem parece que é pão. Delícia povo!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Igrejas no meu caminho

Sempre tive interesse por igrejas, não só como católica que sou, mas também pela beleza das construções e o papel histórico na formação dos povoamentos no Brasil. Dai surgiu uma mania de sempre fotografar igrejas por mim visitadas. Algumas pessoas fazem pedidos. Eu tiro fotos. De algumas, quando tive a sorte de encontrá-las abertas, vou colocar as fotografias das partes internas, dos altares e dos santos. De outras apenas fotos da fachada. Sempre procurarei dizer o nome da igreja, sua localização e a data aproximada da fotografia.

Resolvi também trazer um pequeno resumo de minhas pesquisas sobre a história e arquitetura religiosa no Brasil. O texto a seguir pretende apenas ajudar na apreciação das fotografias a aqui postadas.

 A ARQUITETURA RELIGIOSA

A arquitetura do período colonial, que marca os primeiros momentos da ocupação européia no território brasileiro, tem como uma de suas mais importantes características a simplicidade.  As condições de vida nos povoamentos nos dois primeiros séculos, e a carência de meios materiais e recursos humanos, não nos permitiram grandes estruturas arquitetônicas aos “moldes europeus”.

A importância do papel que as ordens religiosas - jesuítas, beneditinos, carmelitas, franciscanos – desempenharam na ocupação das terras brasileiras, pode ser percebida na herança física deixada por suas obras arquitetônicas que pontuam e se destacam na paisagem, em especial, na escolha do local onde construíam seus templos, sempre implantados em pontos estratégicos, nos topos das colinas, em situação de dominância do território.

A igreja-matriz, geralmente situada em posição privilegiada nas primeiras vilas (conjunto de freguesias, mais sede urbana) e depois nas cidades, exercia um duplo papel, sediando os ofícios religiosos, e guardando os principais registros da vida civil da freguesia – certidões de nascimento, casamento, óbito; tendo também uma função de vigilância do território.

Em decorrência dessas múltiplas funções, observa-se que, nos três primeiros séculos do Brasil Colônia, as construções religiosas, no âmbito urbano e rural, evidenciavam-se na paisagem intencionalmente, como um imponente e explícito discurso de sua autoridade.

A organização territorial assim produzida, formada pela igreja-matriz e as capelas subordinadas, serviu perfeitamente às conveniências do poder civil que, com freqüência, dela se apropriou para a administração dos primeiros povoamentos.

Em torno da igreja-matriz, também era comum a realização de feiras, quermesses, festas diversas, polarizando a vida social. Na proximidade desses prédios, instalaram-se os primeiros pequenos comércios, ranchos, moradias, formando arraiais.

Esse papel da Igreja na produção do espaço arquitetônico e urbanístico do Brasil-colônia foi apenas um aspecto da influência que ela teve na formação da nacionalidade brasileira. A Igreja esteve à frente da educação, da cultura, da catequese e da assistência social – agente fundamental do método católico de colonizar.

Os primeiros templos religiosos construídos no Brasil seguiam o estilo tardo-renascentista ou maneirista português (séculos XVI-XVII). Esta estética caracteriza-se pelas fachadas compostas por figuras geométricas básicas, frontões triangulares, janelas próximas ao quadrado e paredes marcadas pelo contraste entre a pedra e as superfícies brancas, de caráter bidimensional. A decoração é escassa e circunscrita em geral aos portais, ainda que os interiores são ricos em altares, pinturas e azulejos.
Assim, as primeiras igrejas brasileiras tiveram nave e capela-mor de planta retangular, com uma ou três naves, janelas simples e uma fachada retangular ou quadrada encimada por um frontãotriangular, podendo ter uma ou duas torres laterais. Ao longo do século XVII aparecem frontões adornados com volutas de caráter maneirista.
Ao longo do século XVIII, a esmagadora maioria dos edifícios religiosos no Brasil continuaram utilizando as rígidas plantas ligadas ao estilo maneirista chão, com naves e capelas de forma retangular ou quadrada, sem nenhum tipo de movimentação como plantas curvas ou poligonais. Em todo o Brasil colônia, não chegam a vinte o número de igrejas com plantas barrocas que se afastam do esquema chão tradicional. Estas igrejas se localizam em umas poucas localidades: Recife e Salvador, com um exemplar cada uma, e Rio de Janeiro e algumas vilas em Minas Gerais, com os restantes.
Nas demais igrejas do século XVIII, o estilo barroco ficou restrito aos motivos decorativos de fachadas e interiores, com muitos exemplares por todo o Brasil.

Não deixem de ler os textos completos nos seguintes endereços:

domingo, 12 de janeiro de 2014

Doces dos Conventos de Portugual

Adoro associar comida com história. Acho que o sabor da comida é maior quando vem recheado de tradição. Depois de muita procura consegui adquirir este livro:



Aqui vai um pouco da pesquisa que fiz sobre o livro:

O Historiador e Antropólogo Alfredo Saramago é um dos mais importantes nomes mundiais quando o assunto é a história da alimentação.Autor de diversos livros, a maioria dedicada à cozinha e história do Alentejo.

Segundo o autor, em Portugal, temos uma riqueza doceira muito grande. Há uma doceria popular e uma de convento. A doceria popular é mais pobre, contando com menos açúcar e menos ovos, mas com grande influência árabe, onde o mel e o azeite funcionam muito. A doceria de convento é uma coisa completamente diferente. Os conventos que existiam em Portugal eram ricos. E por que ricos? Porque eram as segundas filhas dos casamentos que iam para os conventos. Normalmente, as famílias só davam dote para uma filha, a segunda tinha um dote menor e preferia ir para um convento e não casar, porque tinha uma vida mais divertida no convento. Um exemplo disso, em Évora, é o Convento da Conceição. Foi o convento mais rico de Portugal. A população do convento era riquíssima, pois as moças entravam com um dote grande.

Achei legal a seguinte colocação: "A questão é que a vida desestruturou-se completamente. O encargo diário de fazer comida é muito forte e tira o prazer. Agora, tanto o homem quanto a mulher, voltaram a gostar de cozinhar nos fins de semana, nos dias de folga, nas festas com amigos. Durante a semana, ninguém mais vai almoçar em casa, tem que comer em qualquer lugar, rápido. As pessoas não têm tempo de ficar sentadas duas horas à mesa. E no jantar chegam cansados, os filhos chegam, um as sete e outro às nove, o outro come à hora que quer. É um processo natural e não vale a pena pensarmos em voltar à antiga. É o que está acontecendo e, quando isto acontece, as pessoas o fazem com mais prazer".

Não deixem de ler:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/com-acucar-e-afeto-brasileiros
http://www.mardevinho.com.br/colunas/alfredo-saramago
http://www.revistaviverbrasil.com.br/157/materias/01/tradicao/doces-sabores-de-portugal/
 
Depois vou selecionar umas receitas para vocês!