Sempre tive interesse por igrejas, não só como
católica que sou, mas também pela beleza das construções e o papel histórico na
formação dos povoamentos no Brasil. Dai surgiu uma mania de sempre fotografar
igrejas por mim visitadas. Algumas pessoas fazem pedidos. Eu tiro fotos. De
algumas, quando tive a sorte de encontrá-las abertas, vou colocar as fotografias
das partes internas, dos altares e dos santos. De outras apenas fotos da fachada.
Sempre procurarei dizer o nome da igreja, sua localização e a data aproximada
da fotografia.
Resolvi também trazer um pequeno resumo de minhas pesquisas sobre a
história e arquitetura religiosa no Brasil. O texto a seguir pretende apenas
ajudar na apreciação das fotografias a aqui postadas.
A arquitetura do
período colonial, que marca os primeiros momentos da ocupação européia no
território brasileiro, tem como uma de suas mais importantes características a
simplicidade. As condições de vida
nos povoamentos nos dois primeiros séculos, e a carência de meios materiais e recursos
humanos, não nos permitiram grandes estruturas arquitetônicas aos “moldes
europeus”.
A importância do
papel que as ordens religiosas - jesuítas, beneditinos, carmelitas,
franciscanos – desempenharam na ocupação das terras brasileiras, pode ser
percebida na herança física deixada por suas obras arquitetônicas que pontuam e
se destacam na paisagem, em especial, na escolha do local onde construíam seus
templos, sempre implantados em pontos estratégicos, nos topos das colinas, em
situação de dominância do território.
A igreja-matriz,
geralmente situada em posição privilegiada nas primeiras vilas (conjunto de
freguesias, mais sede urbana) e depois nas cidades, exercia um duplo papel,
sediando os ofícios religiosos, e guardando os principais registros da vida
civil da freguesia – certidões de nascimento, casamento, óbito; tendo também
uma função de vigilância do território.
Em decorrência
dessas múltiplas funções, observa-se que, nos três primeiros séculos do Brasil
Colônia, as construções religiosas, no âmbito urbano e rural, evidenciavam-se
na paisagem intencionalmente, como um imponente e explícito discurso de sua
autoridade.
A organização
territorial assim produzida, formada pela igreja-matriz e as capelas
subordinadas, serviu perfeitamente às conveniências do poder civil que, com
freqüência, dela se apropriou para a administração dos primeiros povoamentos.
Em torno da
igreja-matriz, também era comum a realização de feiras, quermesses, festas
diversas, polarizando a vida social. Na proximidade desses prédios,
instalaram-se os primeiros pequenos comércios, ranchos, moradias, formando
arraiais.
Esse papel da
Igreja na produção do espaço arquitetônico e urbanístico do Brasil-colônia foi
apenas um aspecto da influência que ela teve na formação da nacionalidade
brasileira. A Igreja esteve à frente da educação, da cultura, da catequese e da
assistência social – agente fundamental do método católico de colonizar.
Os primeiros templos
religiosos construídos no Brasil seguiam o estilo tardo-renascentista ou
maneirista português (séculos XVI-XVII). Esta estética caracteriza-se
pelas fachadas compostas por figuras geométricas básicas, frontões
triangulares, janelas próximas ao quadrado e paredes marcadas pelo contraste
entre a pedra e as superfícies brancas, de caráter bidimensional. A decoração é
escassa e circunscrita em geral aos portais, ainda que os interiores são ricos
em altares, pinturas e azulejos.
Assim, as primeiras igrejas
brasileiras tiveram nave e capela-mor de planta retangular, com uma ou três naves,
janelas simples e uma fachada retangular ou quadrada encimada por um frontãotriangular,
podendo ter uma ou duas torres laterais. Ao longo do século XVII aparecem
frontões adornados com volutas de caráter maneirista.
Ao
longo do século XVIII, a esmagadora maioria dos edifícios religiosos no Brasil continuaram
utilizando as rígidas plantas ligadas ao estilo maneirista chão, com naves e
capelas de forma retangular ou quadrada, sem nenhum tipo de movimentação como
plantas curvas ou poligonais. Em todo o Brasil colônia, não chegam a vinte o
número de igrejas com plantas barrocas que se afastam do esquema chão
tradicional. Estas igrejas se localizam em umas poucas localidades: Recife e
Salvador, com um exemplar cada uma, e Rio de Janeiro e algumas vilas em Minas
Gerais, com os restantes.
Nas
demais igrejas do século XVIII, o estilo barroco ficou restrito aos motivos
decorativos de fachadas e interiores, com muitos exemplares por todo o Brasil.
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