segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Bolo de noiva de Pernambuco


Resolvi fazer este poste, porque foi o aniversário da minha irmã e ela adora o tradicional bolo de noiva pernambucano, com muita ameixa, passas, frutas cristalizadas e, é claro, amor. O bolo abaixo foi do meu casamento em setembro de 1996.






Olha o texto maravilhoso de Letícia Cavalvanti sobre o Bolo de Noiva pernambucano:

“Cada lugar tem seu jeito próprio de celebrar casamentos. Só não mudam os bolos em volta dos quais a festa se dá. Foi sempre assim. Os primeiros tinham, quase sempre, a forma de pássaros. E eram flambados na cerimônia para afastar os espíritos ruins. O noivo comia parte de uma fatia, esmagando o resto na cabeça da noiva - simbolizando o romper do hímen e, sinal daqueles tempos, o domínio do homem sobre a mulher. As migalhas eram disputadas pelos convidados, segundo se acreditava para dar sorte.

Na Idade Média, vingou o costume de empilhar os vários pequenos bolos trazidos pelos convidados; e surgia assim, meio por acaso, o bolo em andares - oficializado pela primeira vez, em 1553, no casamento da florentina Catarina de Médici com o futuro rei Henrique II da França. Nos fim do séc. XIX, quanto maior e mais detalhes tivesse o bolo, e mais importante seria a festa. Chegavam a ter 200 kg, e mais de dois metros de altura.

Passa o tempo e esse bolo mantém nobreza e simbolismo. Há, nele, todo o mistério que marca o próprio ato de duas pessoas unirem seus destinos, em ritual parecido por toda parte. A primeira fatia deve ser cortada pelos noivos, de mãos juntas e já com alianças - representando, por sua forma redonda, a própria eternidade, ausência de começo ou fim.
São usadas no dedo anular da mão esquerda desde os egípcios - que acreditavam correr, nesse dedo, uma veia em direção ao coração. Têm todos a cor branca, na cobertura, simbolizando pureza e virgindade. Como são brancos hoje, os vestidos de noiva, imitando a cor dos bolos - por conta da rainha Vitória, que vestiu um de cetim debruado com as mesmas flores de laranjeiras que decoravam seu bolo.

No Brasil, bolos de casamento têm preparos diferentes. No Sul, a massa é branca e tem recheios variados - ainda herança do colonizador português. Diferentes dos de Pernambuco, com massa escura à base de vinho, ameixas, passas e frutas cristalizadas - herança dos ingleses.

Só para lembrar, esses ingleses chegaram por aqui no princípio do séc. XIX, com Great Western, Western Telegraph Company, Pernambuco Tramways and Power Company, Western of Brazil Railway Company e outras Companhias mais.

Além do bolo de frutas, nos ensinaram o chá das cinco e filé com fritas. Também a usar tropical inglês, linho diagonal branco (Taylor & 120), casimira, gravatinha borboleta, sapatos com polainas, chapéu de palha e bengalas.

Voltando aos bolos de casamento, aqui eles são quase sempre cobertos com pasta de amêndoa e recobertos com glacê branco. A moda chegou na Península Ibérica em 1906, com o casamento da princesa Victoria Eugenia de Battenberg (neta da rainha Vitória) com o rei da Espanha, Afonso XIII (avós paternos do atual rei Juan Carlos I). Sendo, por fim, decorados com flores em relevo feitas de goma e açúcar - herança da Ilha da Madeira.

E assim será, por muitos e muitos séculos mais, ao menos enquanto existirem casamentos, festas de casamento e um pouco de poesia neste mundo de Deus.”

Curiosidades
A quem diga que, em julho de 1980, quando o papa João Paulo II visitou o Brasil pela primeira vez, foi servido um café da manhã ao pontíficie  na tradicional Casa dos Frios. Dentre os pratos, havia um bolo de frutas de origem inglesa, confeitado com açúcar e com o símbolo do Vaticano.

Os bolos confeitados já chegaram por aqui utilizando como matéria-prima o açúcar, que foi durante séculos ligado à ostentação e riqueza. E como escreveu Gilberto Freyre sobre nossa tradição açucareira: “sem açúcar não se entende o homem do Nordeste”, não é de se estranhar que o ouro branco tenha casado com perfeição com a nossa realidade. Àquela época, o açúcar, na forma de glacê, ainda era vedete absoluta das coberturas bonitas e delicadas do bolo de noiva.  

Crença

O segredo de um bolo perfeito é a qualidade dos ingredientes utilizados e a dedicação dispensada ao seu preparo. Na verdade, muita dedicação. Leva-se quase uma semana desde o período dedicado a esmagar as passas no vinho por (dependendo da receita) 48 horas, até a decoração, feita geralmente com açúcar glacê, muito mais saborosa, ou com a moderna pasta americana.

“Tem que se usar um bom vinho, a cor do bolo tem que ser dada pela ameixa e não pelo chocolate. E deve-se trabalhar com manteiga, não pode ter margarina”. Deve-se cozinhá-lo lentamente, por horas a fio em forno brando para que não perca a sua umidade tão característica.

O preparo do bolo de noiva é quase tão ritualístico quanto a própria cerimônia que o justifica.

Por fim, os noivos deve congelar uma fatia para que seja novamente degustada um ano depois. A crença é que saboreá-lo no primeiro aniversário de casamento traz felicidade. Para os incrédulos, um estímulo: contam que um ano depois a iguaria ganha um sabor ainda mais intensificado.

Receita do Bolo de Noiva Pernambucano

Ingredientes
½ kg de açúcar refinado
½ kg de manteiga com sal
½ colher rasa (de sobremesa) de sal
9 ovos
½ kg de farinha de trigo
com fermento
500 ml de leite
200 g de achocolatado
Doce de ameixa (veja receita abaixo)
½ kg de frutas cristalizadas
½ kg de passas sem caroço (deixadas de molho em
750 ml de vinho moscatel por, pelo menos, 48 horas)
Dica: peneire os ingredientes secos

PREPARO
Bata a manteiga, com o açúcar e o sal, até que ela fique esbranquiçada.
Adicione as gemas uma a uma e siga batendo.
Acrescente a metade da farinha de trigo e a metade do leite.
Depois, a outra metade de ambos
Adicione o achocolatado.
Coloque o doce de ameixa, as frutas cristalizadas, as passas e ½ xícara do vinho em que passas estiveram de molho.
Bata tudo muito bem.
Acrescente manualmente as claras em neve.
Unte uma forma com margarina e polvilhe com farinha de trigo.
Leve ao forno preaquecido.
Faça o teste com um palito de dente: fure a massa e, se ele sair limpo, estará pronta.

COBERTURA
2 claras
½ kg de açúcar de
confeiteiro
Suco de 1 limão
Coloque os ingredientes na batedeira e bata até que a calda adquira consistência espessa de marshmallow.
Quando estiver pronto, cubra o bolo

DOCE DE AMEIXA
Bata ½ kg de ameixas sem caroço no liquidificador com 250 ml de água
Adicione ½ xícara de açúcar e leve ao fogo até ferver
Deixe esfriar para enfeitar.




Este eu fiz para minha irmã, acho que pode trocar o leite todo pela a mesma medida de vinho Moscatel. Fiz com metade de leite e completei com o vinho Não usei glacê, apenas peneirei um pouco de açúcar de confeiteiro e coloquei rapas de limão siciliano.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Açúcar de Gilberto Freyre





Editado pela primeira vez em 1939, quando “açúcar” ainda era  “assucar”, esta obra do sociólogo Gilberto Freyre, remete o leitor às origens das receitas dos mais tradicionais doces e bolos feitos pelas mucamas de todo o Nordeste, para servir as sinhás das casas-grandes e dos sobrados.

Letícia Cavalcante, autora dos livros "História dos Sabores Pernambucanos" e "Gilberto Freyre e as aventuras do paladar", participou de palestras na Fliporto de Paraty sobre o livro " Acúcar" e extraindo do livro informações quanto às contribuições para culinária das sinhás portuguesas, das negras e das índias.


Palestra e degustação: "Saberes e Sabores da Civilização do Açucar" - Gilberto Freyre Neto, Maria Lectícia e César Santos (Restaurante Oficina do Sabor - Pernambuco) - Dia 07/08/2010 - Casa Jornal do Brasil na Fli2010. Parte 2 de 7.



Palestra e degustação: "Saberes e Sabores da Civilização do Açucar" - Gilberto Freyre Neto, Maria Letícia e César Santos (Restaurante Oficina do Sabor - Pernambuco) - Dia 07/08/2010 - Casa Jornal do Brasil na Flip 2010. Parte 3 de 7.



O doce tem lugar de destaque na culinária nordestina e traz referências do passado e do presente, frutos de heranças culturais diversas – portuguesa, hispânica, africana, ameríndia. A história nos mostra que a presença de doces é marcante na alimentação do brasileiro. Nos engenhos, as prendadas senhoras da casa-grande trouxeram de Portugal uma vasta experiência no preparo dessas guloseimas, muitas originárias das cozinhas dos conventos, que passaram a compor a doçaria tradicional portuguesa. Na terra colonizada, foram feitas adaptações ou acréscimos em suas receitas com os ingredientes locais disponíveis, sem comprometer o sabor.

Gilberto Freyre (1987, p. 57) no seu livro Açúcar, afirma: “a marmelada, o caju e a goiabada tornaram-se desde os tempos coloniais, os grandes doces das casa-grandes. A banana assada ou frita com canela, uma das sobremesas mais estimadas das casas patriarcais, ao lado do mel de engenho com farinha de mandioca, com cará, com macaxeira; ao lado do sabongo [doce de coco com o mel de engenho] e do doce de coco verde e, mais tarde, do doce com queijo – combinação tão saborosamente brasileira”.

Ao lado dos doces, o Nordeste brasileiro é área por excelência dos bolos, principalmente dos bolos autorais, de receita especial de família. A exemplo deste, encontramos o Souza Leão que ganhou valor de patrimônio regional e mesmo nacional.

Segundo pesquisadores, o Bolo Souza Leão entrou na história da culinária pernambucana por intermédio de Dona Rita de Cássia Souza Leão Bezerra Cavalcanti, esposa do coronel Agostinho Bezerra da Silva Cavalcanti, proprietário do engenho São Bartolomeu, povoado de Muribeca, município de Jaboatão dos Guararapes. De Dona Rita, renomada quituteira da época, tem-se conhecimento de que muitas de suas receitas ficaram famosas, como a do Bolo São Bartolomeu e o Bolo Souza Leão. Alguns ingredientes do Souza Leão, originalmente europeus, foram substituídos: o trigo pela massa de mandioca e a manteiga francesa, por manteiga feita na cozinha do engenho. O sucesso ficou garantido até a atualidade e é considerado o mais aristocrático bolo nordestino. Inclusive, na tradição de servir o bolo, existe a obrigação de utilizar pratos de porcelana ou de cristal. Provavelmente, esta exigência deva-se a importância dos Souza Leão, que o batizaram. Conta-se, também, que ele foi servido ao imperador Dom Pedro II e sua esposa, Tereza Cristina, quando de passagem por Pernambuco, no ano de 1859.

Atualmente, é tarefa difícil identificar a receita original, que se atribuiu a Dona Rita de Cássia. Freyre (1987, p. 77), confirma: “Consegui várias receitas desse manjar, mas todas se contradizem, a ponto de me fazerem duvidar da existência de um bolo Sousa Leão orotodoxo [verdadeiro]. Consegui-as quase como quem violasse segredos maçônicos”. Os descendentes da família Souza Leão são provenientes de onze engenhos de Pernambuco. Com o passar dos anos, a receita original foi sofrendo pequenas variações nos ingredientes, e cada ramificação da família afirma ser sua a receita verdadeira. Deixando à parte essa disputa, a verdade é que qualquer que seja a versão apresentada, o bolo é sempre bom, cremoso, lembrando um pudim, e quem o degusta, nunca o esquece. 

O Bolo Souza Leão Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Pernambuco desde 2008, sendo considerado a primeira receita legitimamente pernambucana. Também são considerados Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco, o bolo de rolo e a cartola.

         A seguir, uma das receitas do tradicional bolo Souza Leão:








Bolo Souza Leão

Ingredientes:
- 18 gemas;
- 6 xícaras de leite de coco puro;
- 1 kg de açúcar;
- 1 kg de massa de mandioca;
- 2 colheres de sopa de manteiga;
- Sal a gosto.
Preparo:
- Com açúcar, faça uma calda em ponto de fio;
- Junte a manteiga e depois as gemas;
- Acrescente a massa lavada, espremida e peneirada. E, por fim, leite de coco e sal a gosto;
- Passe toda a mistura em peneira muito fina, várias vezes;
- Coloque em fôrma untada com manteiga e forrada com papel impermeável, também untado. Asse em forno regular.

  
Fontes:
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar./index.php?option=com_content&view=article&id=488%3Abolo-souza-leao&catid=37%3Aletra-b&Itemid=1
http://www.caruaru360graus.com.br/portal/noticias/5122
http://infograficos.estadao.com.br/public/paladar/receitas-paladar-cozinha-do-brasil/bolo-souza-leao.html
         







sábado, 27 de junho de 2015

Moda e Cotidiano da Civilização do Açúcar - 110 anos Gilberto Freyre - Fliporto Paraty

Palestra "Moda e Cotidiano da Civilização do Açúcar" exibida por Raul Lody na Casa Jornal do Brasil na 8ª edição da FLIP (Paraty, 6 de agosto de 2010). 

DIA 06 - RAUL LODY-PARTE 01.flv



DIA 06 - RAUL LODY-PARTE 02.flv




DIA 06 - RAUL LODY-PARTE 03.flv



DIA 06 - RAUL LODY-PARTE 04.flv



DIA 06 - RAUL LODY-PARTE 05.flv

Bens Imateriais em Olinda - Tapioca


Tapioca é uma iguaria tipicamente brasileira, de origem indígena, feita com a fécula extraída da mandioca, também conhecida como: goma da tapioca, goma seca, povilho e polvilho doce. Esta, ao ser espalhada em uma chapa ou frigideira aquecida, coagula-se e vira um tipo de panqueca ou crepe seco. O recheio varia, mas o mais tradicional é feito com coco ou queijo coalho. É um quitute muito comum no Nordeste e Norte do Brasil.

Nas primeiras décadas pós-descobrimento, viajantes estrangeiros já registravam a existência dos beijus, preparados pelos índios com a goma da mandioca. Segundo a antropóloga Paula Pinto e Silva, autora do livro Farinha, feijão e carne-seca – Um tripé culinário no Brasil colonial (Senac-SP), tais bolos redondos, regados com mel, eram consumidos logo pela manhã e ao longo do dia. Adotado pelas senhoras portuguesas por sua semelhança com o já conhecido filhó e pela falta de pão de trigo que acompanhasse as refeições, o beiju saiu das aldeias e entrou nos alpendres e nas varandas, alargando as possibilidades do paladar europeu.

E como é extraída a goma da mandioca? O processo de extração desse elemento é bem simples. Primeiro, a raiz (previamente descascada) é ralada e espremida, dela extraindo-se um líquido leitoso. Em seguida, esse líquido é colocado para descansar em um recipiente. No fundo dele, após algumas horas, vai se depositar uma espécie de massa, que se separa da água, por completo: essa massa é a goma da mandioca. Deve-se, então, escorrer a água e colocá-la ao sol para secar. Quando ela estiver seca, deve-se esfarelá-la com as mãos e passá-la em uma peneira, para que se transforme em um pó branco e fino.
Em alguns pontos turísticos como o Alto da Sé, na cidade de Olinda, em Pernambuco, pode-se degustar uma saborosa tapioca, feita na hora, produto que é considerado um patrimônio imaterial cultural da região. Na Sé, essa tradição teve início com uma senhora chamada dona Conceição, na década de 1970, que, para se sustentar, tornou-se tapioqueira. Nessa época, em plena ditadura militar, o local era considerado um dos pontos de agitação da contracultura, e Olinda representava o foco da resistência cultural. As tapiocas eram vendidas a estudantes, intelectuais, políticos e artistas populares e eruditos, que lá promoviam concertos e teatro de vanguarda. Com o crescimento do turismo em Olinda, atraído principalmente pelo carnaval, as tapioqueiras se multiplicaram, na cidade que é patrimônio cultural da humanidade. Hoje, elas estão até organizadas em uma Associação.
A  tapioca (2006), a Confraria de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (2005), e o Quilombo Urbano da Nação Xambá (2007) são bens imateriais registrados pelo Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda.

Receita de Tapioca de Coco
Ingredientes: 500 gramas de Goma de mandioca e 250 gramas de Coco ralado fresco. 
Modo de preparo
1.      O modo mais fácil é comprar a goma de mandioca refrigerada já pronta, peneirá-la e assá-la.
2.      Passe a goma de tapioca pela peneira, acrescentando um pouco de sal.
3.      Aqueça uma frigideira antiaderente de 20 cm de diâmetro, espalhe a goma (aproximadamente 2 1/2 colheres de sopa), modele a tapioca como uma panqueca no fundo da frigideira.
4.      Assim que desgrudar do fundo da frigideira, vire-a por alguns segundos, recheie com 2 colheres de sopa de coco ralado e dobre, vire do outro do após uns segundos, está pronta a tapioca.
5.      Basicamente a massa tem que secar na frigideira, não fritar. Não deixe escurecer nem endurecer a tapioca.
6.      Sirva a tapioca de coco e deliciem-se.
Pode ser acrescentado 2 fatias de queijo coalho ao coco ou fazer só de queijo sem o coco. 
Obs: para conseguir uma tapioca bem leve, peneire bem a massa e na hora de colocar na frigideira ponha a quantidade suficiente para cobrir o fundo, sem ficar espessa.




FONTES:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tapioca
http://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Comida/Reportagens/Comida/noticia/2014/07/historia-da-tapioca.html
http://www.gulosoesaudavel.com.br/2011/06/27/tapioca-de-coco/
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=183:tapioca&catid=54:letra-t&Itemid=1
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar./index.php?option=com_content&view=article&id=808%3Apatrimonio-imaterial-de-pernambuco-1&catid=50%3Aletra-p&Itemid=1
http://www.matraqueando.com.br/olinda-patrimonio-historico-e-cultural

Livro - Farinha, feijão e carne-seca – Um tripé culinário no Brasil colonial (Senac-SP) de Paula Pinto e Silva.

Ofício das Baianas de Acarajé


As baianas de acarajé são símbolo da cidade de Salvador. O bolinho de origem africana, acarajé, é feito de feijão fradinho, cebola e sal, frito no azeite de dendê, e cujo nome, no idioma ioruba, significaria ‘comer fogo’: ‘acará’ (fogo) e ‘ajeum’ (comer). O preparo é importante no Candomblé, visto que é considerado comida de Iansã e Xangô. Segundo a tradição da religião, deve ser feito pelas mulheres da casa. O ofício de Baiana de Acarajé, assim como o tabuleiro e toda indumentária e vestimenta utilizados por estas mulheres, foi tombado como patrimônio imaterial do Brasil pelo IPHAN no ano de 2004.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) registrou o ‘ofício das baianas de acarajé’ como ‘patrimônio cultural brasileiro’, inscrito no Livro dos saberes do patrimônio imaterial. Esse registro deriva de ações dessa instituição, com base em políticas públicas, e sobretudo da atuação das próprias ‘baianas’.

Os bens materiais são tombados, enquanto os bens imateriais são registrados pelo Iphan (Decreto 3.551, de 4 de agosto de 2000). No primeiro caso, a expectativa é preservar as características materiais, expressas, em geral, por monumentos, construções arquitetônicas, obras artísticas.

No caso dos bens imateriais, é proposto o registro dos aspectos culturais ou simbólicos que envolvem uma ‘manifestação cultural’. O Iphan registrou, por exemplo, o jongo no Sudeste, o frevo, a roda de capoeira e outros. O registro, além do reconhecimento do valor cultural de uma manifestação popular específica, se propõe a acompanhar as transformações que esta sofreu ou venha a sofrer ao longo do tempo.
Na ‘certidão’ do registro, lê-se que o acarajé é originário do golfo de Benin, na África, e que seu comércio teve início ainda no período colonial. O documento explica que é considerado uma comida sagrada, utilizado em rituais do candomblé, nos quais é ofertado aos orixás, principalmente a Iansã e a Xangô. 
O principal objetivo do registro do ofício das baianas de acarajé como um patrimônio cultural foi o reconhecimento do valor simbólico de tal atividade. Esse valor estaria vinculado ao modo de fazer o acarajé, às roupas usadas pelas ‘baianas’, à etnicidade e, principalmente, às religiões afro-brasileiras. Aquele ‘ofício’ aparece, assim, como o representante de um legado étnico e religioso.

Antropólogo Raul Lody fala sobre o acarajé:




Ofício das Baianas de Acarajé ( parte 1 e 2) - vídeo da Fundação Palmares produzido para apoiar o Iphan no  processo de registro do acarajé







Fontes:

http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2012/299/patrimonio-comida-e-dadiva

http://www.poisze.net/chb/meses/oficio-da-baiana-do-acaraje-e-tombado-pelo-iphan/

domingo, 21 de junho de 2015

Bolo de carne

Essa semana testei a receita de bolo de carne moída. Tirei a receita do bolo do seguinte endereço: http://mdemulher.abril.com.br/receitas/anamaria/bolo-de-carne-moida. Achei bem saudável porque leva aveia no bolo e ainda acrescentei cenoura raladinha e tomate picadinho. O recheio foi queijo “muçarela” picadinho.
Obs: Caso não saibam esta é a grafia correta de muçarela!!

O bolo de carne básico é assim:

Ingredientes:

. 600 g de carne moída 
. 1 cebola média bem picada 
. ½ colher (sopa) de sal 
. 1 ovo 
. 3 colheres (sopa) de cheiro-verde picado 
. 4 colheres (sopa) de farinha de aveia
A forma de enrolar aprendi no vídeo a seguir:



Depois foi só assar no forno. Fiz um molhinho de tomate com manjericão para acompanhar a carne.

Filé Mignon de forno

Hoje eu resolvi simplificar a receita de filé mignon, aqui em casa costumamos fazer rosbife, mas eu estava com preguiça e peguei algumas receitas de forno e resolvi misturar tudo!!!

Ficou muito bom, tanto que quase não sobrou. Só tirei a foto depois que aprovei! Resolvi registrar aqui para sempre consultar.



Filé Mignon de forno

Ingredientes 
. 4 dentes de alho 
. 2 colher de sopa de manteiga em temperatura ambiente (200 g) 
. 1 peça limpa de filé mignon (1,2 kg) 
. 2 colheres de sopa de extrato de tomate
. 1 copo de vinho tinto 
. 4 batatas pequenas com casca cortadas em quatro
. Jerimum cortado no tamanho da batata e
. Cebolas cortadas em pedaços grandes.
Use azeite, sal, pimenta-do-reino, pimenta calebresa e alecrim a gosto.

Modo de preparo

Aqueça o forno em temperatura média. Amasse o alho e misture-o à manteiga. Coloque a carne em um refratário ou assadeira e esfregue o filé com a mistura. Coloque as batatas, os pedaços de jerimum e as cebolas ao lado. Espalhe o azeite, sal, pimenta-do-reino pimenta calebresa e alecrim por cima da carne e das verduras. Regue tudo com o vinho tinto. Leve ao forno por 35 minutos, regando a cada cinco minutos com o molho de manteiga e vinho derretido no refratário ou assadeira. Quando tiver quase assado, misture o extrato de tomate no molho e regue a carne e as verduras. Deixe terminar de assar.

O meu ficou com molho suficiente, mas se achar que ficou seco você pode transferir a carne para uma travessa e colocar meia xícara de água na assadeira, raspando o fundo com uma colher e levar ao fogo baixo por cinco minutos para reduzir um pouco. Servi com um arroz Ficou bem gostoso. 

sábado, 13 de junho de 2015

Cozinhando com palavras


"TV Cozinhando com Palavras" é um Canal do Youtube que mostra palestras que fizeram parte da Bienal do Livro São Paulo. 

Assisti palestras com Breno Lerner e achei superdivertida e crítica a forma de discutir a origem da comida brasileira e as contribuições dos negros, portugueses, índios, mouros, judeus, ...

 Posto aqui os links para quem quiser se deliciar com as conversas.










Descobri também que ele é o escritor do livro "O ganso marisco e outros papos de cozinha", que reúne crônicas publicadas em sua coluna em jornais e revistas (Editora Melhoramentos). Já incluído na minha lista de desejos!!!

Beijos

Descobertas no Youtube

Estou, por necessidades médicas, de molho em casa. Confesso que não cheguei a achar ruim! Tenho tanto que quero ler ou ver que ...  Pois é!

Uma das descobertas prazerosas que já fiz, foi o Canal "Comida de Cinema" no youtube. Os vídeos são elaborados com receitas de grandes filmes. A apresentadora adapta as receitas e a forma de fazer. São vídeos de 6 a 7 minutos "deliciosos" de assistir. As roupas da apresentadora e até a música transportam o expectador para filme.  Muito bom.

Vou postar um para vocês conhecerem: O filme é a Festa de Babbete, de 1989, A história se passa na Dinamarca, Século XIX, onde duas irmão ajudam uma parisiense refugiada e esta, após ganhar na loteria, resolve oferecer um jantar as irmãs e seus amigos em comemoração ao centenário do rigoroso pastor da comunidade, já morto e que era o pai das irmãs.

O cardápio do jantar tem sopa de tartaruga, caviar, codornas, bons vinhos e frutas frescas e todos terminam extasiados. A grande descoberta é que Babette trabalhava como Chef na França e gastou todo o dinheiro nesse prazeroso jantar.

Em "Comida de Cinema", ela ensina a fazer as codornas assadas em uma cama de massa folhada.




Fica a dica do canal do Youtube e, é claro, do maravilhoso filme!!!

Beijos

terça-feira, 21 de abril de 2015

O papel da mulher

Adorei este documentário. Inteligente e questionador mostra, para nós mulheres, os "porquês" de comportamentos que nem sabemos!!

"O programa instiga as posições de liderança ou submissão das mulheres nas manifestações religiosas, o cultivo das divindades femininas e a perspectiva das religiões matriarcais. Tudo isso, observando como os diferentes credos religiosos e suas instituições acompanham a necessidade de progressivo reconhecimento de igualdade entre homens e mulheres nos dias atuais."


http://tvbrasil.ebc.com.br/entreoceueaterra/episodio/o-papel-da-mulher

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Semana Santa: tradições culinárias


Segue uma das receitas tradicionais da culinária pernambucana para a Domingo de Páscoa:

BACALHAU DE COCO ACOMPANHADO DE FEIJÃO DE COCO, QUIBEBE E BREDO

Ingredientes:
2 kg de bacalhau
2 cocos ralados
azeite 
1 cebola 
1 pimentão vemelho
2 dentes de alho 
3 tomates
cheiro verde
pimenta do reino
sal
batatas cozidas

Preparo:
Na véspera, ponha o bacalhau de molho na geladeira. Troque a água várias vezes. Retire pele e espinhas. Corte em pedaços grandes, enxugue, passe no trigo, frite ligeiramente e reserve.
Prepare o molho de coco: na panela, azeite, cebola, alho, pimentão, tomate e cheiro verde. Refogue ligeiramente. Junte o leite de coco e deixe ferver, mexendo de vez em quando. Retire o cheiro verde, passe no liquidificador, coe e volte ao fogo.
Junte o bacalhau, deixe ferver novamente. Junte as batatas cozidas.
Tempere com pimenta e sal, se necessário.

Para o feijão de coco
Ingredientes: 
1 kg de feijão mulatinho
2 cocos
azeite
cebola
tomate
cheiro verde
sal e pimenta a gosto

Preparo:
Cozinhe o feijão em água e sal e reserve.
Raspe os cocos e passe no liquidificador com 2 xícaras do caldo onde foi cozido o feijão
Refogue todos os temperos no azeite. Passe o feijão no liquidificador e depois peneire.
Junte o refogado ao creme de feijão, o leite de coco, e leve ao fogo mexendo sempre até engrossar. Tempere com sal e pimenta.

Para o quibebe

Ingredientes:
1 kg de jerimum (abóbora)
1 cebola picadinha
2 dentes de alho amassados
azeite, sal e pimenta
250 ml de leite de coco

Preparo:
Refogue a cebola e o alho no azeite. Junte o jerimum e deixe cozinhar até ficar macio. Vá juntando água aos poucos, se necessário, para que não peque no fundo da panela. Amasse ou passe pelo espremedor ou processador. Volte ao fogo com o leite de coco e deixe ferver mexendo até engrossar. Sirva quente como acompanhamento de peixes e crustáceos.

Para o bredo

Ingredientes:
2 maços de bredo
250 ml de leite de coco
4 tomates
1 cebola média picada
2 dentes de alho amassados
coentro picado
2 colheres de sopa de azeite de oliva
sal e pimenta a gosto

Preparo:
Destaque as folhas do bredo, lave-as e leve para escaldar para tirar o visgo. Escorra e reserve. Faça um molho fritando a cebola e o alho no azeite. Junte os tomates e deixe cozinhar até encorpar. Junte o coentro e tempere com sal e pimenta. Acrescente o bredo e deixe cozinhar cerca de 10 minutos. Junte o leite de coco e assim que levantar fervura apague o fogo.

FONTES CONSULTADAS:

CAVALCANTI, Maria Lectícia Monteiro. A Páscoa do Cordeiro de Deus. Continente Multicultural, Recife, ano 1, n. 4, p. 52-53, abr. 2001.

LEÃO, Carolina. Culinária e tradição das refeições da Semana Santa no Nordeste.Suplemento Cultural [do] Diário Oficial do Estado de Pernambuco, Recife, ano 15, p. 10-11, abr. 2001.


http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=957%3Asemana-santa-tradicoes-culinarias&catid=53%3Aletra-s&Itemid=1